terça-feira, 8 de junho de 2010

0 Perda Auditiva Induzida pelo Ruído..

Cresce parcela da população com "zumbido" no ouvido.

 

   Não é de hoje que a humanidade conhece os efeitos prejudiciais do barulho à saúde. Existem textos de 2.500 anos relatando a surdez dos moradores que viviam próximos às cataratas do rio Nilo, no antigo Egito.
    Desde então, o problema só tem se agravado. No Brasil, 6,5% da população, ou cerca de 12,5 milhões de pessoas, têm algum problema auditivo incapacitante, ou seja, precisam de tratamento médico ou do uso de aparelho. Nos EUA, país mais desenvolvido, esse índice chega a 7,4%, ou cerca de 22,2 milhões de pessoas.
   Além desses pacientes graves, há um número maior com problemas leves, mas que podem, com o tempo, levar à surdez. Segundo o otorrinolaringologista Ricardo Ferreira Bento, presidente da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia a e Cirurgia Cérvico Facial (ABORL-CCF), 11% da população do país sofrem com zumbido no ouvido, o que indica alguma perda de audição. "O que preocupa é que esse índice vem crescendo", diz Bento. "Há dez anos, ele era de 9%."
     Em sua clínica particular, Bento observa outro dado preocupante: pessoas cada vez mais jovens o procuram por causa de problemas auditivos. "Hoje, pessoas com 50 anos já começam a apresentar perda de audição", conta. "Normalmente, isso só deveria ocorrer a partir dos 60 anos." De acordo com ele, isso está ocorrendo porque o ouvido humano não foi feito para suportar a pressão sonora da modernidade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que o início dos problemas auditivos ocorre com a exposição prolongada a ruídos superiores a 55 decibéis (dB), que é mais ou menos o barulho causado por uma conversa normal a um metro de distância. Nas grandes cidades, as pessoas estão expostas longamente a barulhos muito superiores. O do trânsito em avenidas movimentadas de São Paulo, por exemplo, pode variar de 85 a mais de 100 dB.
     Muitos países têm adotado leis com o objetivo de impor limites à poluição sonora. Os EUA são um exemplo. Para proteger os trabalhadores de suas fábricas, em 1977, o país estabeleceu como limite máximo permitido o ruído de 90 dB por um período diário de 8 horas. Mas com o tempo, constatou-se que mesmo com esse nível, um quinto dos operários passava a ter deficiências auditivas. Por isso a Holanda e outros países baixaram o máximo permitido para 80 dB.
     No Brasil, como não há uma lei federal específica sobre poluição sonora, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) resolveu estabelecer padrões mínimos de qualidade ambiental sonora. Para isso, por meio de sua Resolução nº 001/90, o órgão adotou a Norma Brasileira Regulamentar (NBR) 10.151 - Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que estabelece os limites permitidos de poluição sonora, de acordo com zonas e horários determinados. Assim, nas áreas hospitalares o limite é de 45 dB durante o dia e de 40 dB à noite. Nas residenciais urbanas esses valores são, respectivamente de 55 e 50 dB, e no centro da cidade, 65 e 60 dB.
     Na cidade de São Paulo existe, desde 1994, o Programa de Silêncio Urbano (PSIU), da prefeitura, destinado a fiscalizar apenas locais como bares, restaurantes e templos religiosos. De 2005 até o início deste ano, foram 143.335 vistorias, que resultaram em 1.956 multas por desrespeito à lei, que determina que os estabelecimentos só podem funcionar depois da uma hora se tiverem isolamento acústico. Houve outras 1.046 por excesso de ruído e 495 locais foram fechados.

Evanildo da Silveira, para o Valor, de São Paulo
07/06/2010 - Valor Econômico

Não foi Acidente!

 

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